TOD DURCH ERTRINKEN
Para a maioria de nós, essas três palavras não fazem sentido algum. Como se não representassem nada. Assim é o objetivo desse texto, dissertar sobre mortes por afogamento de forma que se consiga, no início do verão, evitar as 50 mortes previstas para Porto Alegre para o próximo ano. Prevenir mortes por afogamento. Evitá-las. Fazer com que não existam. Quanto mais longe forem essas informações, menos mortes haverá.
A mortalidade por afogamento no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde, é de 3 por 100.000 habitantes por ano. Sendo que metade dessas mortes acontece de dezembro a março. Estratificando esse número por faixa etária, iremos nos deparar com uma realidade triste: de um a quatro anos de vida, a primeira causa de morte no Brasil, é o afogamento. As crianças pequenas se afogam dentro de casa, até em banheiras. As crianças em idade escolar, tem um risco maior com piscinas, especialmente, com o sistema de sucção das piscinas. Os adolescentes e adultos jovens, mais frequentemente, se afogam em rios com corredeiras, em represas, em lagoas. Muitos deles são jovens masculinos, alguns podem estar alcoolizados ou sofrerem de epilepsia. Ao contrário do que se supões, a maioria dos afogamentos em águas naturais no Brasil, quase 70%, ocorre em águas doces. Mas o mar ainda é um perigo, tendo em vista a extensão do nosso litoral. Paradoxalmente, a maioria dos afogamentos nas praias é justamente onde a água parece mais calma, ou seja, onde há contracorrente. De certa forma, sabemos quem irá se afogar e onde irá se afogar. Como diz o Dr. Szpilman, esse é o primeiro passo: reconhecer o problema.
O próximo passo é identificar um possível afogamento. Você pode começar observando as pessoas na praia. A incidência de afogamentos é maior com turistas. Pessoas aparentemente alcoolizadas. Pessoas nadando sem conseguir sair do lugar. Pessoas que perdem o dispositivo de flutuação. Pessoas com os braços estendidos, batendo desesperadamente na superfície da água. Pessoas que submergem e voltam a superfície com expressão de desespero, com cabelos no rosto. São todas situações que precisam lhe alertar! Nesse cenário, a primeira atitude é solicitar ajuda profissional e a segunda é não se tornar o outro afogado daquela tarde. Se você não é um profissional Guarda-Vidas (GV), você não deveria tentar ir até a vítima para trazê-la até a parte seca da praia. Ao contrário, você deveria tentar localizar uma boia de resgate e, se não encontrar uma, deveria improvisar com garrafas pet, com cordas, com isopor. O plano é levar - o quanto antes - um desses recursos para perto da vítima.
Agora, na praia, o socorro vai depender da gravidade do quadro. Algumas vezes, a vítima não aspirou nada de água. Vocês fizeram o resgate perfeito. A vítima está consciente, não tosse, não tem espuma nem na boca e nem no nariz. Se a vítima estiver consciente, apresentar tosse ou espuma na boca ou no nariz, significa que o afogamento foi devidamente abortado. Se, por outro lado, a vítima estiver não responsiva, ou seja, inconsciente, a situação é mais grave. Chame por ajuda novamente. Posicione a vítima paralela a linha da praia. Você fica de costas para a água. Abra a via aérea e observe se a vítima respira. Se respirar, ela deve ser virada para o lado direito. Os próximos passos exigem habilidades psicomotoras específicas a serem treinadas em ambiente de simulação com manequins.
Portanto, pelo exposto acima, é fácil compreender que o melhor socorro para o afogado é impedir que ele ocorra. No Brasil, todo ano, gastamos R$ 1 bilhão com as vítimas que vem a falecer por afogamento. Por tudo isso, não queremos nem entender esse título. Não queremos decifrá-lo. Não queremos que ele exista. Desejamos que as 50 mortes por afogamento previstas para o ano que vem na população de Porto Alegre não existam. Ajude a levar essa mensagem adiante. Esse é o melhor momento!
Cadeia de sobrevivência no afogamento, o primeiro elo é a prevenção. Disponível em https://www.sobrasa.org/drowning-chain-of-survival/
REFERÊNCIA
Szpilman, D. Manual de Afogamento ao curso de emergências aquáticas, 2023. Publicado on-line em www.sobrasa.org, abril de 2023. Revisado por Dra. Lucia Eneida e pelo Instrutor Juliano Figueiredo.