A miopericardite aguda (MPA) é uma inflamação conjunta do miocárdio e do pericárdio. Apesar de ser muito predominante em unidades de emergências cardiológicas, a enfermidade é subdiagnosticada.
Recentemente um estudo liderado pelo cardiologista, Dr. Alexandre de Matos Soeiro avaliou a associação entre o strain miocárdico medido por ressonância magnética e os eventos clínicos em pacientes com miopericardite aguda. A pesquisa ganhou o primeiro lugar no Prêmio Melhor Pesquisa Clínica – Luiz Veneré Decourt, que foi realizado online no 41º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado De São Paulo (Socesp) e apresentado em junho.
O Strain miocárdico trata-se de uma nova modalidade ecocardiográfica que estuda a mecânica (deformação) cardíaca, criada com o objetivo de melhorar a avaliação da função ventricular. O estudo premiado buscou compreender se o recurso auxiliaria o médico a estabelecer um prognóstico. Os pesquisadores obtiveram os dados por meio de um software que avalia imagens de ressonância magnética. O cálculo aponta o grau de deformação do músculo.
A primeira etapa do estudo avaliou 1.200 pacientes admitidos no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) entre 2013 e 2018. Durante o período foram considerados elegíveis todos os pacientes que deram entrada no serviço com dor torácica e/ou alteração eletrocardiográfica compatível com evento isquêmico e troponina positiva, mas sem lesões graves identificadas por cateterismo ou tomografia coronariana.
Com ajuda do strain miocárdico, os especialistas selecionaram 100 casos de miopericardite aguda e fizeram o acompanhamento por dois anos. Segundo dados do estudo, o desfecho primário foi uma combinação de mortes, tanto por insuficiência cardíaca, quanto por recorrência de miopecardite aguda, ambas em 24 meses.
A pesquisa concluiu que o strain miocárdico pode oferecer informações prognósticas para os pacientes miopecardite aguda e ser associado a eventos clínicos em longo prazo nesses pacientes. As análises de ressonâncias magnéticas de pacientes com miocardite aguda por strain miocárdico podem determinar se o paciente tem menos ou mais risco de evoluir com alguma complicação mais tarde. Isso muda um pouco a característica de vigilância e pode intervir na abordagem terapêutica, possibilitando assim um melhor tratamento para o paciente.