A depressão é um sentimento comum em pessoas que passam por cirurgias cardíacas ou qualquer tipo de evento cardíaco. Mas também pode se agravar com o tempo, aumentando substancialmente o risco de complicações e até mesmo de morte. Segundo o estudo divulgado no European Heart Journal-Quality of Care & Clinical Outcomes em 2017, o diagnóstico de depressão a qualquer momento após um diagnóstico de doença cardíaca duplica o risco de morte prematura.
A relação entre depressão e doenças cardíacas tem sido estudada a décadas e tem um duplo viés. Os dados do estudo da European Heart Journal mostraram que cerce de 01 em cada 05 pessoas com doenças cardíacas sofrem de depressão grave, com um número ainda maior de sintomas. De acordo com a pesquisa do Instituto Nacional de Coração, Pulmões e Sangue (National Heart, Lung, and Blood Institute), só o fato de estar deprimido já aumenta em até 64% o risco de alguém ter problemas cardíacos.
Mas, porque os dois estão interligados?
Segundo o relato de Robert Carney, Professor em Psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St.Louis, essa era uma boa pergunta há 25 anos e continua sendo, pois ainda estão fazendo a mesma pergunta sobre o assunto. O especialista deu uma declaração científica para a American Heart Association em 2014, onde recomendava que a depressão fosse considerada um fator de risco para resultados ruins após um ataque cardíaco. “Existem várias possibilidades em dois campos amplos. Um é biológico e o outro é comportamental”, disse ele.
Carney afirmou também que, pessoas com depressão tem uma resposta mais forte ao estresse, que libera níveis mais elevados do hormônio cortisol. A liberação de muito cortisol pode prejudicar a saúde do coração.
Sobre o lado comportamental, Robert relatou que a pessoa deprimida tem maior probabilidade de se envolver em comportamentos que aumentam o risco de doenças cardíacas. Entre estas ações estão as práticas de fazer uma dieta pouco saudável, ganhar peso, fumar, beber muito álcool e não se exercitar frequentemente. Elas também estão menos propensas a tomar os medicamentos necessários para os cuidados com o coração.
Apesar destes fatores, o especialista declarou para a associação que nem todo mundo com depressão desenvolve problemas cardíacos, da mesma forma que nem todas pessoas com doenças cardíacas se tornam deprimidas. Já outras, não mostram problemas com depressão até sofrerem um evento cardíaco. Porém, esses sentimentos de depressão em pacientes com esta complicação podem durar pouco, principalmente em quadros que não apresentem sintomas anteriores da doença.