Desde que se deu o alerta sobre a pandemia no início de 2019, o novo Coronavírus (SARS-COV-2) se espalhou pelo mundo e, à medida que a doença evoluía e se espalhava pelo mundo, surgiam relatos das mais variadas manifestações clínicas. Atualmente está claro que apesar da doença causada pelo SARS-COV-2 (Covid-19) agredir predominantemente o sistema respiratório, trata-se de uma doença sistêmica.
A partir dessa informação, pesquisadores começaram a estudar os efeitos de lesão hepática provadas pelo novo Coronavírus. Recentemente, autores relataram no periódico Indian Journal of Gastroenterology que aproximadamente metade dos pacientes apresenta alguma alteração hepática, principalmente aqueles com elevação das transaminases, hipoalbuminemia e hiperbilirrubinemia.
A lesão hepática também pode ser proporcionalmente maior em casos graves como o de pacientes com quadros respiratórios determinantes para internação em unidade de tratamento intensivo (UTI) e ventilação mecânica. Os especialistas citam ainda um estudo que mostra que os níveis de transaminase e bilirrubina elevados, assim como albumina reduzidos, foram positivamente associados a maior gravidade dos casos. Além disso, um padrão colestático, com predomínio de elevação de fosfatase alcalina, também já foi constatado, apesar de não parecer ser predominante.
Todas essas informações são muito importantes para confirmar a necessidade de um monitoramento frequente dos marcadores da função hepática e de lesão de hepatócitos, principalmente em pacientes internados em unidades intensivas de tratamento.
Pacientes com doença hepática prévia
Em seu artigo, os pesquisadores do periódico Indian Journal of Gastroenterology também relataram a história natural da infecção pelo novo Coronavírus em pacientes com quadros prévios da doença hepática.
Segundo alguns dados apresentados pela pesquisa, a ocorrência de sintomas por um período mais prolongado e uma maior gravidade parecem ser mais frequentes em pacientes com hepatopatia prévia, apesar disso, não está claro se existe impacto na mortalidade.
Dados referentes a ocorrência de Covid-19 em pacientes com doença hepática ainda estão sendo analisados para serem consolidados. Apesar disso, a partir de análises já feitas, sugere-se que pacientes com histórico de transplante hepático e com comorbidades metabólicas sejam monitorados de perto. Esta ação é recomendada, pois pode ser necessário diminuir a dose de medicamentos imunossupressores caso o paciente apresente infecção grave, especialmente em caso de linfopenia.