As técnicas de desobstrução das vias aéreas parecem ser seguras para indivíduos (adultos e crianças) com bronquiectasia estável, em que pode haver melhorias na expectoração do escarro, nas medidas selecionadas da função pulmonar e na saúde relacionada com qualidade de vida.
O papel dessas técnicas em pessoas com exacerbação aguda de bronquiectasias é desconhecido. Tendo em vista a natureza crônica da bronquiectasia, são necessários mais dados para estabelecer o valor clínico das técnicas de desobstrução das vias aéreas a curto e longo prazo sobre desfechos importantes para o paciente, incluindo sintomas, e também sobre desfechos fisiológicos. Novos estudos poderão esclarecer as razões para uso de cada técnica e estabelecer parâmetros de longo prazo com impacto sobre a progressão da doença em indivíduos com bronquiectasia estável. Isso é necessário a fim de proporcionar maior orientação de prescrição de técnicas de desobstrução das vias aéreas específicas para pessoas com bronquiectasia. Também pode ser importante estabelecer o efeito comparativo entre diferentes tipos de técnicas de desobstrução das vias aéreas em pessoas com bronquiectasia.
Cinco estudos envolvendo 51 participantes preencheram os critérios de inclusão da revisão; todos eram do tipo cross-over. Quatro estudos foram em adultos com bronquiectasia estável, e o quinto foi realizado com crianças clinicamente estáveis com bronquiectasia. Três estudos realizaram apenas uma única sessão de tratamento e dois estudos tiveram duração de intervenção maior. As intervenções foram variadas e alguns grupos controle receberam uma intervenção falsa, enquanto outros receberam intervenções inativas. A qualidade metodológica dos estudos foi variável. Não foi possível cegar os participantes e profissionais de saúde. Devido à heterogeneidade entre os estudos, não foi possível realizar metanálises e, portanto, a revisão foi narrativa.
Um estudo com 20 adultos comparou um aparelho de oscilação das vias aéreas versus nenhum tratamento e não encontrou nenhuma diferença significativa no número de exacerbações com 12 semanas (evidência de baixa qualidade). Não há dados disponíveis para avaliar o impacto das técnicas de desobstrução das vias aéreas no momento de exacerbação sobre a duração, incidência de hospitalizações ou número total de dias de internação. O mesmo estudo relatou melhorias clinicamente significativas na qualidade de vida relacionada à saúde em ambas as medidas relacionadas com a doença ou com a tosse. Embora baseado em um pequeno número de participantes e com dados enviesados, a diferença média na mudança da pontuação total no Questionário Respiratório de St. George (SGRQ) ao longo de três meses nesse estudo foi de 8,5 unidades (P = 0,005; teste de Wilcoxon, evidência de baixa qualidade). Dois estudos relataram aumentos médios no volume de escarro com dispositivos oscilatórios das vias aéreas, a curto prazo, de 8,4 ml (intervalo de confiança de 95%, 95% CI, de 3,4-13,4 ml), e a longo prazo, de 3 ml (valor de P = 0,02), sem efeito significativo sobre a função pulmonar. Um estudo relatou uma redução imediata da hiperinflação pulmonar em adultos com técnica de desobstrução das vias aéreas utilizando pressão expiratória não positiva (PEP; diferença da capacidade residual funcional, CRF, de 19%; P < 0,05) e com dispositivos oscilatórios das vias aéreas (diferença na CRF de 30%; P < 0,05) em comparação com nenhuma técnica de desobstrução das vias aéreas. Diminuição semelhante em hiperinflação pulmonar (diferença na CRF de 6%) foi encontrada em crianças que usam um aparelho de oscilação das vias aéreas durante três meses em comparação com a terapia placebo. Não há estudos reportando os efeitos da troca gasosa, sintomas ou uso de antibióticos.
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Fonte: Cochrane