CTSEM
02 Julho 2021

Alguns sobreviventes do câncer podem ter aumentado o risco de problemas cardíacos após a terapia hormonal

Segundo dados da American Heart Association, as terapias hormonais usadas para tratar o câncer de mama e de próstata podem aumentar o risco de um ataque cardíaco e derrame.

 

Em abril, a AHA divulgou uma nota científica sobre o assunto em sua revista Circulation: Genomic and Precision Medicine. O estudo constatou que o perigo é ainda maior para pessoas que apresentam dois ou mais fatores de risco para doenças cardiovasculares, como hipertensão, colesterol alto, obesidade, tabagismo e histórico familiar de doença cardíaca ou derrame. Também há a constatação que, quanto mais longa a duração dessas terapias contra o câncer, maior será o risco de ter doenças cardiovasculares, que podem aumentar com a idade.

 

Os cânceres que são dependentes de hormônios, como o câncer de próstata e o de mama, são considerados os tipos de cânceres mais comuns no mundo todo, sem contar o de pele. Com as melhorias no tratamento, incluindo o aumento do uso de terapias hormonais, as pessoas começaram a ter uma recuperação positiva e vivem mais. Porém, com o passar do tempo, as doenças cardiovasculares podem surgir como a principal causa de doença e mortes desses sobreviventes do câncer.

 

A declaração da AHA pede que os médicos fiquem alertas para o agravamento dos problemas cardíacos em pessoas que precisam de terapia hormonal e já tiveram doenças cardíacas anteriores ou possuem fatores de risco.  O estudo também revela que aqueles sem problemas cardíacos pré-existentes correm um maior risco por conta da sua exposição durante o tratamento. Atualmente não há diretrizes definidas para monitorar e gerenciar os riscos cardíacos relacionados a terapia hormonal.

Mediante a pesquisa, os especialistas recomendam uma abordagem baseada em equipe para o tratamento de pessoas que recebem essas terapias, que inclui a equipe de cardiologia, oncologia, médico de atenção primária, nutricionista, endocrinologista e outros profissionais de saúde, conforme for preciso.

 

Especificamente, o comitê envolvido na pesquisa da AHA concluiu que o tamoxifeno, usado para tratar o câncer de mama, aumenta o risco de coágulos sanguíneos, enquanto os inibidores da aromatase aumentam o risco de ataque cardíaco e derrame mais do que o tamoxifeno. Para cânceres de mama que desenvolvem resistência à medicação inicial, é recomendado o uso de mais de um tipo de terapia hormonal, pois pode melhorar o tratamento contra o câncer. Mas esse procedimento com vários hormônios está associado a taxas maiores de doenças cardiovasculares, como hipertensão e ritmos cardíacos anormais.

 

Já a terapia de privação de andrógenos, que reduz a testosterona e é usada para tratar o câncer de próstata, aumenta o nível de colesterol e triglicerídeos, adiciona gordura corporal enquanto diminui os músculos e prejudica a capacidade do corpo de processar glicose podendo causar diabetes tipo 2.  A declaração afirma ainda que, essas alterações metabólicas estão associadas a um maior risco de ataques cardíacos, derrames, insuficiência cardíaca e morte cardiovascular.